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A introdução de um composto alimentar no período da muda induzida pode garantir o bem-estar das aves sem encarecer o processo ou comprometer a produtividade. É o que comprova uma pesquisa da Embrapa Suínos e Aves, coordenada pela zootecnista Helenice Mazzucco. Normalmente, durante a muda induzida, as aves permanecem durante dez dias sem se alimentar, o que eleva o nível de estresse na granja e incomoda os defensores do bem-estar animal. Para reverter esse quadro, propõe-se um método alternativo de muda induzida, com o uso de alimentos à base de subprodutos da indústria de grãos.
A proposta é que o avicultor utilize casca de soja ou qualquer outro subproduto para alimentar a ave durante os dez dias da muda. Dessa forma, o animal passa por um processo fisiológico semelhante ao do método convencional, no qual se impõe o jejum, mas sem ter o bem-estar prejudicado. De acordo com a pesquisadora Mazzuco, esse método já é largamente utilizado no exterior e pode ser facilmente adotado no Brasil.
Para se chegar à conclusão de que a técnica é benéfica, foram feitos experimentos em uma granja experimental da Embrapa com 1.500 aves. Os animais foram adquiridos com 15 semanas de idade e o lote foi mantido normalmente até as 80 semanas. Após esse período, uma parte das aves foi submetida ao método convencional de muda induzida, em jejum, enquanto outra parte experimentou a muda induzida com alimentação. Ao final do experimento, foi mensurado que animais produziram mais ovos e ovos mais vendáveis, com casca íntegra.
— Nós acompanhamos as aves por mais 60 semanas no segundo ciclo, avaliamos e chegamos à conclusão de que é viável utilizar essa muda alternativa, porque ela tem esse fator do bem-estar que, lá na frente, vai dar retorno econômico ao produtor — explica Mazzuco.
No experimento da Embrapa Suínos e Aves, optou-se por utilizar a casca de soja na alimentação dos animais durante o período de muda por ser comum e barata. Mas essa não é a única possibilidade, de acordo com a zootecnista e especialista na área de nutrição animal. Os avicultores podem optar por qualquer outro subproduto da indústria de grãos ou até, no caso do Nordeste, pela casca de coco.
— Para isso, basta que se tenha uma análise daquele produto em um laboratório para saber o nível de fibra e se tem algum fator anti-nutricional. Mas o mais importante é ter em mente que a ração será utilizada com o objetivo de decrescer energeticamente o animal — ensina.
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